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terça-feira, 26 de abril de 2011

Jovem mata a namorada dentro do ônibus escolar

Este foi o terceiro caso semelhante em apenas quatro dias no Ceará. A garota ainda tentou fugir do ex-namorado armado. 

Seria a última parada do ônibus escolar até a chegada ao colégio público, mas acabou no tombo fatal de um casal de jovens. Um rapaz entrou armado no ônibus escolar, matou a ex-namorada com quem teve um filho, ameaçou os demais estudantes e depois se matou com um tiro na cabeça.

As aulas foram suspensas e a cidade ainda está chocada com o que aconteceu. A jovem de 19 anos já sofria ameaças do ex-namorado, em casa e na escola, o que já era de conhecimento da polícia. Em outras duas vezes ele tentou invadir a escola para falar com a ‘ex’.

Quando se aproximava do ônibus para ir à escola, Thuanny Tamires Silva Sousa, de 19 anos completados há menos de um mês, era seguida e foi abordada por Francisco Aristênio da Silva, 20, com quem namorou e tinha uma filha de um ano e três meses.

O corpo da jovem é retirado do ônibus para ser encaminhado ao IML. O crime passional teve várias testemunhas. (Foto: Mário José) 

Thuanny correu para o ônibus gritando que o rapaz tinha uma arma. Antes que o motorista fechasse a porta, o acusado entrou e, sem dizer nada, atirou. Uma bala atingiu o abdome e outra a cabeça da estudante. Ela tombou no meio do ônibus onde havia 45 estudantes. O pânico foi geral. Desesperados, alguns pularam pelas janelas. Aristênio ainda ameaçou uma amiga de Thuanny, mas, em seguida, suicidou-se.


Fonte: Diário do Nordeste
Reportagem: Melquíades Júnior
Foto: Orkut (Reprodução: TV Jaguar)

Com 139 casos de Dengue em Limoeiro, tambores estão sem proteção adequada em local público

Mesmo com o trabalho preventivo dos Agentes de Endemias, 139 casos de dengue já foram confirmados  no município. Número pode aumentar com a volta das chuvas. 

A Secretaria de Saúde de Limoeiro do Norte está sobre alerta por conta dos casos de Dengue no município, intensificando o combate ao mosquito Aedes Aegypti, transmissor da doença. Segundo informações obtidas, até esta segunda-feira (25/04), o município já havia contabilizado 139 casos confirmados da doença. Os números são atualizados toda sexta-feira, e pode ser maior se confirmados os casos suspeitos. 

Denúncia 

Em meio ao alto índice de casos confirmados de Dengue em Limoeiro do Norte, uma imagem preocupante pode ser constatada no Campo Florestal, situado no bairro João XXIII. O local é diariamente freqüentado pela população limoeirense, que utilizam o espaço para a prática de atividades físicas, como caminhadas e corridas leves.

Vários tambores estão amontoados nas dependências desta reserva florestal, sem uma proteção adequada contra o acúmulo de água das chuvas, sendo estes suscetíveis a possíveis focos de larvas do mosquito. O fato é facilmente constatado pelos freqüentadores do espaço e torna as imediações da área como região de risco.

A imagem comprova a existência de tambores, sem uma devida proteção, no interior da reserva florestal. (Foto: Alex C. Monteiro) 

Ação de combate à Dengue 

A área central do município representa a região mais vulnerável, com a maior incidência da doença. Diante dessas notificações alarmantes, a Secretaria de Saúde deu início, desde o dia 28 de março de 2011, o trabalho de pulverização com o “Carro Fumacê”, devendo este percorrer as ruas da cidade, dando mais ênfase às áreas mais afetadas.

Apesar do constante e intensivo trabalho dos Agentes de Saúde no combate às larvas e ao mosquito transmissor da doença, é de fundamental importância a colaboração de toda a população, com ações domiciliares de prevenção, contribuindo nessa luta de combate à Dengue.

Em uma reunião com os professores da rede pública de ensino, o prefeito do município João Dilmar da Silva solicitou que os mesmos reservassem alguns instantes antes do início das aulas para informar e sensibilizar aos estudantes e envolverem seus familiares nesta ação de prevenção, para tentar evitar que esses números aumentem.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Jovem mata ex-companheira e se suicida

Um jovem de 21 anos matou a ex-esposa de 19 anos e em seguida cometeu suicídio com um tiro na cabeça. O crime aconteceu por volta das 12:20h desta segunda-feira (25/04), no bairro Antônio Holanda (Cidade Alta), a cerca de 7 Km do Centro de Limoeiro do Norte.

Segundo informações do delegado José Fernandes, titular do destacamento do município, Francisco Arisênio Aquino da Silva e Thuanny Tamires Silva Souza estariam discutindo em um trecho da CE-265 quando a jovem começou a correr, na tentativa de fugir do rapaz.

O crime aconteceu depois que um transporte coletivo passou pelo local e estacionou próximo ao trecho onde estava a vítima. Segundo o delegado, o motorista do veículo imaginou que a garota estaria correndo para tentar apanhar o coletivo. A jovem acabou sendo baleada com dois tiros no momento em que tentava se refugiar no transporte. Em seguida, Francisco Arisênio efetuou um disparo contra a própria cabeça. Os dois morreram no local, antes de serem socorridos.

Thuanny Tamires foi atingida com um tiro do tórax e outro na cabeça. O casal tinha um filho de 1 ano. Populares informaram que há uma semana eles haviam terminado o relacionamento e o rapaz não aceitava o término, já tendo inclusive ameaçado a mesma de morte. Os corpos foram levados para o Instituto Médico Legal (IML) de Quixeramobim.

Informações: OPOVO Online

sábado, 23 de abril de 2011

Projeto de implantação da Avenida de Contorno Leste em Limoeiro do Norte

A construção da via perimetral, além de proporcionar o deslocamento adequado do transporte de carga (principalmente do pólo fruticultor), eliminando conflitos de tráfego dentro cidade e minimizando os custos de manutenção de veículos e pavimentação, será um corredor de serviços e indústrias limpas, transformando-se, conseqüentemente, num vetor de expansão da cidade.

Ao partir do princípio de que “a circulação e o transporte são os grandes dinamizadores do organismo urbano, preponderando como coordenadores das demais funções da habitação, do trabalho e do lazer e que um sistema bem organizado de vias públicas deve propiciar ligações fáceis e uma circulação ativa e fluida através de um sistema devidamente hierarquizado”, o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Limoeiro do Norte, 2002, propôs o projeto em questão, enquadrado como um “projeto estratégico em área e atividades de suporte ao desenvolvimento“.


O Estudo prevê ainda os seguintes benefícios da implantação da via de contorno: Expectativas favoráveis de agentes econômicos; Ampliação de acessibilidade por transportes coletivos nas áreas periféricas do município; Diminuição dos tempos de viagens dos usuários de ônibus; Aumento da segurança e conforto dos ciclistas; Aumento da segurança a pedestres e usuários de transporte coletivo; Consolidação da infraestrutura de apoio ao desenvolvimento urbano e agroindustrial do município; Geração de empregos locais durante a obra.

Devido ao conflito no fluxo de veículos de pequeno e grande porte e pedestres dentro do centro da cidade, aumentando o risco de acidentes, causando dados à pavimentação, e, consequentemente, aumentando os gastos com manutenção, o projeto consiste na construção de uma Via de Contorno Leste ao núcleo urbano do município de Limoeiro do Norte, tendo início na rodovia CE-377, que liga a Sede a Tabuleiro do Norte, continuando seu contorno a leste a Sede do Município, conectando-se novamente a rodovia CE-377 na sua saída norte, para Quixeré.

A via terá extensão de 7,52 Km e, depois de construída, terá características de via estruturante, cuja função predominante é o desvio do tráfego de passagem da área central do Município, de média a longa distância. A pavimentação definida para a via do Contorno Leste é asfalto, sendo esta projetada com as seguintes larguras:

- Dois passeios laterais com 2,00m cada;
- Duas pistas com 7,20m cada;
- Canteiro Central com 1,00m;
- Canteiro separador de 0,50m;
- Ciclovia com 2,80m;
- Plataforma com 22,70m.

A obra visa proporcionar o deslocamento adequado do transporte de carga (principalmente do pólo fruticultor), eliminando conflitos de tráfego dentro cidade e minimizando os custos de manutenção de veículos e pavimentação, ademais, configurar-se como um corredor de serviços e indústrias limpas.

Será beneficiada diretamente toda população da zona urbana do município de Limoeiro do Norte (56.281 habitantes) e setor produtivo de fruticultura e de calcário, e indiretamente, toda a população da região do Baixo Jaguaribe. Para a execução de tal projeto, 48 terrenos serão desapropriados, sendo um, englobando 5 habitações, passível de reassentamento. 

Perspectivas de outras melhorias 

Ao longo do seu percurso serão distribuídos os seguintes equipamentos: iluminação pública, estacionamentos, caixas de coleta de lixo, abrigo de parada de ônibus, bancos e telefones públicos. Todas as vias no sentido leste-oeste deverão ter suas caixas projetadas ligando-se à Via de Contorno Leste, de modo que a expansão urbana ocorra de modo ordenado.

O traçado definido teve a preocupação de evitar qualquer interferência nas atividades das propriedades atingidas e sempre evitando os lotes produtivos e os aglomerados urbanos. O projeto também propõe que todas as vias no sentido leste-oeste devam ter suas caixas projetadas ligando-se à Via de Contorno Leste, de modo que a expansão urbana ocorra de modo ordenado.


Programa Cidades propõe que ao longo da via defina-se uma zona onde grandes equipamentos de indústria, serviços e comércios possam ser instalados, como: Espaço para Feiras e Eventos, Distrito Industrial, Indústria de Beneficiamento de Frutas, etc. Para tanto, é necessária uma pequena reformulação do Plano Diretor de Limoeiro do Norte, que tem a função de nortear o crescimento sustentável do município, para a definição de um novo zoneamento e índices urbanísticos adequados para a área diretamente afetada. 

Agronégócio será o setor mais beneficiado 

O Ceará ocupa a 3ª posição em exportação de frutas do país. 87% do abacaxi exportado é produzido no Ceará; outras frutas como castanha de caju (74%), melancia (68%) e melão (52%) também se destacam no volume de frutas brasileiras exportadas.

O agronegócio ocupa um lugar bastante significativo na economia da região do Baixo Jaguaribe. Dados fornecidos pelo Instituto de Pesquisas e Estratégias Econômicas do Ceará mostram que em 2007, o setor da agropecuária é responsável por 29,7% e 59,98% do PIB dos municípios de Limoeiro do Norte e no município Quixeré, respectivamente (maiores produtores da região). Grande parte dos produtores localiza-se na Chapada do Apodi, no município de Limoeiro do Norte e Quixeré, integrando um dos projetos de irrigação mais bem sucedidos do Brasil. O Perímetro Irrigado Jaguaribe-Apodi conta com mais de 200 produtores, entre pequenos, médios e grandes.

Adicionalmente ao setor do agronegócio, deve-se considerar o impacto da atividade extrativista de calcário na região jaguaribana, principalmente no município de Quixeré. Uma vez que as cargas vindas da Chapada, ao visar ao acesso à BR 116, passam por dentro da cidade de Limoeiro do Norte, sobrecarregando sua malha viária urbana.

O crescimento do setor econômico da região remete a um aumento do fluxo de mercadorias, que, devido a uma malha viária urbana imprópria para o volume do tráfego de passagem, tende a aumentar os conflitos entre os fluxos de pedestres, ciclistas e de veículos. Além dos conflitos entre os modais, o tráfego pesado ocasiona um desgaste nas vias urbanas e, conseqüentemente, um maior gasto com manutenção de veículos e de pavimentação.

Segundo dados da Prefeitura Municipal de Limoeiro do Norte, o fluxo de veículos que passam pelo centro da cidade é de 200 veículos/dia, gerando um custo de manutenção de vias de R$ 40.000,00/mês.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Manchete sobre agrotóxicos repercute entre os Deputados Estaduais

O aumento na venda de agrotóxicos, com maior poder de contaminação, preocupa autoridades no Estado. 

Alerta, preocupação e incômodo podem resumir os sentimentos gerados com a constatação da manchete do Diário do Nordeste de ontem, baseada em reportagem do Caderno Regional. O tema foi um dos principais assuntos do dia na roda de discussões: dobrou no Ceará a venda de agrotóxicos para a agricultura, ao passo que aumentaram os casos de intoxicação. Autoridades, movimentos sociais, pesquisadores destacaram a matéria, apontando para a necessidade emergencial da fiscalização ou até proibição de veneno. Na Assembleia Legislativa do Estado, deputados compararam, diferenciando as proporções, com a situação do Japão, sobre o que seria uma "intoxicação silenciosa, que mata lentamente". Produtores agrícolas em Limoeiro do Norte questionam alguns números e reclamam que, por utilizarem defensivos agrícolas, eles serem tratados como "vilões".

Na sessão ordinária desta quarta-feira (20/04), na Assembleia Legislativa, pelo menos quatro deputados estaduais se pronunciaram em plenária sobre a reportagem de ontem. Na tribuna, o deputado Lula Morais convidou os deputados a lerem a denúncia do Diário do Nordeste e apontou que o agrotóxico "é um elemento extremamente nocivo para a saúde humana". Ele também destacou o editorial do jornal do dia 19 de abril, que alertou sobre o perigo do uso indiscriminado de agrotóxicos. O texto divulgava pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) que encontrou resíduos de agrotóxicos no leite materno, dada a intoxicação nas mães.


"Tem que ter fiscalização para a gente salvar o nosso sertão e a nossa população", afirmou o deputado Perboyre Diógenes, citando o desaparecimento de pássaros típicos do interior em decorrência da aplicação de venenos. Fazendo a devida proporção, o deputado Wellington Landim comparou a situação do Ceará com a do Japão, onde o acidente na usina nuclear tem causado irradiação. "Aqui é em pequena proporção, mas em larga escala. É gente sendo intoxicada todo dia. É uma intoxicação silenciosa, que mata lentamente", frisou.

Em Limoeiro, o vereador Hélio Herbster aponta para a morosidade da Justiça, diante de tantas evidências. O professor em Direito Ambiental, João Alfredo, também vereador em Fortaleza, destacou a importância da matéria como alerta "principalmente para as instituições que deveriam fiscalizar". Ele citou o caso de uma empresa de bulbos de flores em Paraipaba que funciona há cinco anos sem nunca ter possuído licenciamento ambiental. A Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) só embargou a empresa há um mês, após a Justiça proibir a pulverização aérea de agrotóxicos, que já teriam matado cerca de 20 bovinos, além de colocar em risco o reservatório de água da cidade.

O uso indiscriminado de agrotóxico consta de um levantamento intenso, detalhado, embora de apenas alguns anos. Porém tem recebido atenção na pesquisa realizada por diversos especialistas, com apoio do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e várias universidades, lideradas pela Universidade Federal do Ceará. Em um dos levantamentos feitos com trabalhadores rurais no Baixo Jaguaribe, em um terço dos avaliados, apontou-se para um quadro "que pode ser considerado como intoxicação aguda por agrotóxicos", conforme apurou a pesquisadora Vanira Pessoa, integrante do Núcleo Trabalho, Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade (Tramas), da Universidade Federal do Ceará (UFC), em Fortaleza.

Estudo epidemiológico

A pesquisa é coordenada pela professora Raquel Rigotto, mas é realizada por mais de 20 profissionais das diversas áreas, que culmina em um estudo epidemiológico no Baixo Jaguaribe, desde o contexto socioespacial no trabalho rural do segmento agrícola aos laudos clínicos que apontam os casos de intoxicação. A isso se somam outras evidências de que, no Ceará, tem aumentado a entrada de produtos agrotóxicos, e que esses mesmos venenos estão cada vez mais potentes.

Mais informações:
Campanha Nacional Contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida da Cáritas Diocesana de Limoeiro do Norte: (88) 3423.3222

Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior

Um ano da morte de Zé Maria do Tomé, e crime segue sem solução

Fim de tarde. As pessoas foram chegando de motocicletas, em carros, ônibus e logo se formou uma multidão em frente ao pequeno memorial erguido na beira da estrada - um cenotáfio, como é chamado. No local, o cantinho da imagem de Nossa Senhora de Fátima, muitas flores e uma faixa de saudades.

Quem estava ali, ontem, homenageava o ambientalista José Maria Filho, conhecido como Zé Maria do Tomé, que foi assassinado há um ano no caminho de casa, na estrada que liga a sede de Limoeiro do Norte à pequena localidade do Tomé, na Chapada do Apodi, Região do Jaguaribe.

Agricultor e líder comunitário, Zé Maria lutava por melhorias na comunidade onde morava com a mulher e os três filhos. Protestava contra o uso indiscriminado de agrotóxicos nos plantios do perímetro irrigado Jaguaribe-Apodi.

Para lembrar a data em que ele foi assassinado com 25 tiros (segundo o exame de balística), integrantes da comunidade, lideranças da região, agricultores, integrantes de pastorais sociais e entidades ligadas à proteção ambiental se uniram durante dois dias (terça-feira e ontem) participando de debates, manifestações e celebrações. Lançaram a Campanha Nacional contra o Uso de Agrotóxicos e Pela Vida e exigiram “punição aos mandantes do assassinato de Zé Maria”. Ontem à noite, os eventos foram encerrados como uma concelebração eucarística presidida pelo bispo diocesano de Limoeiro do Norte, dom José Haring.

Manifestações aconteceram na terça-feira e ontem. Grupo quer lei que leva o nome do ambientalista (Foto: Igor de Melo) 

Após 12 meses do crime, a Polícia ainda investiga o caso. “Não tenho informações. Só sei que está na Delegacia de Homicídios”, diz Lucinda Xavier, chamada de Branquinha, mulher de Zé Maria. Ela diz que o tempo ainda é curto para amenizar a falta de sente do marido. “A saudade é a mesma. O tempo vai se distanciando, mas a lembrança continua”.

Branquinha chora quando fala do ambientalista. Mas a emoção não impediu que participasse ontem de todas as manifestações e homenagens realizadas no Sítio Tomé que foram programadas pelo Movimento 21, integrado por membros da Cáritas Diocesana, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Pastorais Sociais, universidades e sindicatos. Ontem, pela manhã, houve mobilizações nos bairros de Limoeiro do Norte, com a entrega de panfletos explicando os malefícios causados pelo uso indiscriminado de agrotóxicos.

O Movimento 21 reivindica a criação da Lei Federal Zé Maria do Tomé proibindo a pulverização aérea de agrotóxicos nas plantações, a destinação de áreas para fins de reforma agrária e a garantia de água de boa qualidade para consumo. Estudo realizado pelo Núcleo Tramas, da Universidade Federal do Ceará, coordenado pela médica Raquel Rigotto, constatou a presença de agrotóxicos na água da região e doenças causadas pelo veneno usado.

ENTENDA A NOTÍCIA

Após a morte de José Maria Filho, intensificaram-se os debates sobre os impactos do uso de agrotóxicos na Chapada do Apodi, onde predomina o cultivo de bananas. Um estudo constatou a contaminação da água na região.

SAIBA MAIS

Os grandes projetos de desenvolvimento no Ceará, como a Rodovia Transnordestina, a transposição do Rio São Francisco, o eixão das águas e a mineração foram temas de debates na última terça-feira, em Limoeiro do Norte, já como parte dos eventos que lembram um ano da morte do ambientalista José Maria Filho.

Houve ainda uma mesa redonda, no auditório da Faculdade de Filosofia Dom Aureliano Matos, sobre os impactos da modernização agrícola na Serra da Ibiapaba, no Baixo Jaguaribe, na Chapada do Apodi e nos municípios de Iguatu e Paraipaba.

Também foi lançado um Cordel com o título: “A Maldição dos Agrotóxicos” ou “O Que Faz o Agronegócio”. Houve ainda a inauguração do Memorial da Chapada, com imagens e objetos que retratam os ideais de justiça e igualdade no campo.

Informações: OPOVO Online, por Rita Célia Faheina

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quarta-feira, 20 de abril de 2011

Mobilização lembra líder Zé Maria do Tomé

"Zé Maria, presente, presente, presente. Até quando? Sempre, sempre, sempre". Este é, há um ano, o grito de centenas de militantes sociais, políticos e religiosos indignados com a impunidade no assassinato do líder comunitário José Maria Filho, morto em 21 de abril de 2010 na Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte. Hoje e amanhã haverá grande mobilização na cidade. De protestos nas ruas a seminários e debates sobre o impacto dos agrotóxicos na saúde, no trabalho e no meio ambiente.

Não há conclusão sobre a causa e autoria no assassinato do "Zé Maria do Tomé", morto com 25 perfurações a bala há um ano. Mas é fato que ele era uma peça chave nas denúncias sobre a contaminação por agrotóxicos na Chapada do Apodi, em especial no Tomé, comunidade onde viveu como agricultor, comerciante e líder dos moradores.

Mas a impunidade predomina, até hoje, tanto no caso Zé Maria quanto no uso indiscriminado de agrotóxicos. Contudo, nos últimos quatro anos, a denunciada problemática dos agrotóxicos ganhou corpo no Ceará, sendo Limoeiro do Norte o centro das atenções. As notícias geraram desdobramentos em órgãos da saúde e do meio ambiente do Estado. As contaminações reclamadas foram, então, comprovadas. E são debatidas até hoje.

Há mais de três anos, especialistas de diversas áreas e instituições fazem do Vale do Jaguaribe um laboratório de estudos e análises. Chegaram à fundamentação: José Maria Filho falava a verdade.

O "Movimento 21", numa referência direta à data da morte de Zé Maria do Tomé, promove hoje mesa-redonda no auditório do Instituto Federal do Ceará (IFCE) para discutir os impactos dos agrotóxicos sobre a saúde, o trabalho e o ambiente. O Núcleo Trabalho Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade (Tramas), da UFC, apresentará estudo epidemiológico em Limoeiro, Quixeré e Russas, além de debate com representante do Ministério da Saúde. Outra mesa-redonda discutirá os impactos da modernização agrícola em áreas do Estado.

Mais informações:
Cáritas Diocesana Limoeiro do Norte: (88) 3423.3222

Fonte: Diário do Nordeste / Reportagem e Foto: Melquíades Júnior 

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Agrotóxico está com maior poder de contaminação

Hoje e amanhã, Limoeiro do Norte é sede de amplo debate sobre problemas causados por defensivos químicos. 

Limoeiro do Norte, maior do Nordeste e quarto do Brasil em quantidade de estabelecimentos que usam agrotóxico, o Ceará dobrou, em cinco anos, a venda de veneno e ampliou em 963,3% a venda de ingredientes ativos para os venenos. O dado faz parte de estudo coordenado pela Universidade Federal do Ceará (UFC), consta de pesquisa de doutorado na Universidade de São Paulo (USP) e foi extraído do Censo Agropecuário do IBGE. Então, cada novo produto é mais potente (leia-se: tóxico) que o anterior.

O problema é que embora isso reflita uma maior atividade agrícola, também representou aumento de casos de intoxicação aguda nas pessoas, em que o agrotóxico é o principal responsável.

Uso abusivo de produtos químicos na agricultura foi constatado em comunidade da Chapada do Apodi. Os problemas relacionados ao uso indiscriminado de agrotóxicos ganharam mais ênfase após o assassinato de Zé Maria do Tomé. (Foto: Cid Barbosa)

Desde ontem, representantes do Ministério da Saúde estão em Limoeiro do Norte, onde levantamento médico e científico constatou intoxicação aguda em um de cada três trabalhadores avaliados. Irritação, dores, tonturas, depressão, sangramento, fraqueza óssea, redução de memória, câncer e até morte de trabalhadores rurais foram diagnosticados no entorno de perímetros irrigados na Chapada do Apodi.

Se fosse dividida, por habitante, a quantidade de agrotóxicos que é utilizada no País, é como se cada brasileiro utilizasse cinco litros de veneno por ano. O Brasil é, hoje, o maior consumidor mundial desse produto, e o Ceará já era, em 2008, o maior do Nordeste em consumo e quarto no País, só perdendo para os Estados do Sul, conforme o IBGE. Mas, a cada ano, o aumento de evidências do impacto dos agrotóxicos na saúde das pessoas e do meio ambiente tem colaborado com o aumento da discussão: é possível uma vida saudável com veneno?

Conforme enunciado ontem no editorial do Diário do Nordeste, foi constatado agrotóxico no leite materno das mulheres do Município de Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, Estado com a maior atividade agrícola e maior consumidor de agrotóxicos. De um grupo de 62 mulheres voluntárias, "no leite de todas elas foi constatada a contaminação em níveis preocupantes", afirmou editorial. Os dados são da pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

A comparação com o histórico epidemiológico de Limoeiro do Norte é inevitável visto que, de forma tardia, persistem neste Município cearense três combinações que coincidem com a cidade de Lucas do Rio Verde: expansão agrícola com grande uso de agrotóxicos (inclusive pulverização aérea), fiscalização frouxa das leis e uma situação de incredulidade das evidências, seja por parte de produtores agrícolas seja por parcela do poder público.

Levantamentos apontados no estudo epidemiológico realizado pelo Núcleo Trabalho Meio Ambiente e Saúde para a Sustentabilidade (Tramas), da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, trazem dados preocupantes. Foram investigados 35 sintomas gerais (pele, olhos, nariz e garganta e neurológicos), os quais fazem parte dos quadros de intoxicação aguda, subaguda ou crônica por diferentes ingredientes ativos de agrotóxicos.

Trinta e três por cento dos trabalhadores entrevistados referiram quadros que podem ser considerados como intoxicação aguda por agrotóxicos. Do grupo de trabalhadores pesquisados, 37% alegaram dores de cabeça, 18% apresentaram agravo na redução de memória e irritabilidade, e outros 49,3% alegaram problemas de pele e, também, mucosas.

No quadro de distribuição de sintomas em órgãos do corpo e sistemas, num levantamento com trabalhadores rurais, foram constatados vários problemas, dentre os quais irritação de nariz, garganta e olhos, dificuldade respiratória, dores no peito, nas pernas, tonturas, depressão, zumbido, tremores no corpo. De 75 trabalhadores de empresas agrícolas "que se sentiram mal pelo uso dos agrotóxicos por segmento", diz a pesquisa, 45,3% foram atendidos na empresa, 21,3% procuraram hospital público, 5,3% em posto de saúde e, o mais grave, 25,3% não procuraram atendimento médico.

Os estudos foram conduzidos pela médica Raquel Rigotto, pesquisadora do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), com apoio do Ministério da Saúde e de outras universidades do País.

Emblemático

Até mesmo dados levantados por órgãos do Governo do Estado são utilizados no contexto do estudo epidemiológico. Mas no círculo de debates, o trabalho é contestado por empresas agrícolas e mesmo órgãos públicos que insistem em desfazer qualquer associação entre o atual modelo agrícola e possíveis impactos causados por agrotóxicos na saúde de trabalhadores rurais.

O caso clínico mais emblemático é de José Vanderley, funcionário de uma empresa multinacional. Por três anos, trabalhou no setor de aplicação de agrotóxicos. Laudo apontou quadro clínico compatível com doença hepática - hepatopatia por substâncias tóxicas, sustentada na evidência de exposição ocupacional prolongada a diferentes ativos de agrotóxicos.

PESQUISA
Risco da pulverização aérea

Na discussão sobre o que pode estar causando doenças em trabalhadores rurais, o agrotóxico é apontado como o grande vilão. E uma de suas ferramentas principais seria a prática da pulverização aérea. Produtores agrícolas e até mesmo engenheiros agrônomos divergem sobre o poder de contaminação de uma pulverização "dentro da lei". De acordo com a Embrapa, mesmo com calibração, temperatura e vento ideais, a pulverização aérea deixa cerca de 32% dos agrotóxicos retidos nas plantas, 49% vão para o solo e 19% vão pelo ar para áreas circunvizinhas da aplicação. É essa última parte a maior reclamação de comunidades na Chapada do Apodi.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT), com dados levantados de 2005, por anos eram registradas em média sete milhões de intoxicações severas por agrotóxicos, das quais 70 mil resultaram em morte. Estes agraves somam-se a efeitos crônicos: 25 mil casos de sequelas neurocomportamentais (de cabeça) e 37 mil casos de câncer.

Casos de câncer

Embora Raquel Rigotto e os demais pesquisadores não afirmem categoricamente que os agrotóxicos estejam provocando câncer em Limoeiro, deixam os dados falarem por si: em 23 localizações anatômicas de câncer, prevaleceu incidência em agricultores. Com base no levantamento do Instituto do Câncer do Ceará (ICC), ser agricultor confere maior risco de se ter câncer. Destacam-se: tireoide (1,12), próstata (1,17), laringe (1,30), rim (1,30), cólon - junção reto sigmóide (1,31), esôfago (1,40), olhos e anexos (1,58), tecido conjuntivo (1,62), linfomas (1,63), mama masculina (1,67), mieloma múltiplo (1,83), bexiga urinária (1,88), testículo (5,77), leucemias (6,35), pênis (6,44).

"Há um descontrole institucional na utilização dos produtos", aponta Alice Pequeno, pesquisadora do TRAMAS e que estudou a Chapada do Apodi em sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP). Ela reclama da prática comum de apontar apenas o pequeno produtor como culpado pelo uso indiscriminado de agrotóxicos.

"MOVIMENTO 21"
Protestos continuam em Limoeiro

O dia 21 de abril marca o primeiro ano de morte do líder comunitário "Zé Maria do Tomé". Caso continua impune. Desde ontem, terça-feira (19/04), diversos militantes sociais, religiosos, professores e estudantes estão reunidos neste Município para o "Movimento 21", em alusão ao 21 de abril de 2010, quando o líder comunitário José Maria Filho foi assassinado a caminho de casa, na Chapada do Apodi. Hoje pela manhã, centenas de trabalhadores rurais e militantes fazem panfletagem e marcha de protesto contra impunidade, passando pelos bairros Antônio Holanda, Luis Alves de Freitas e Bom Nome. São bairros fornecedores de mão-de-obra para os perímetros irrigados Jaguaribe-Apodi e Tabuleiros de Russas.

Haverá marcha até a sede do Ministério Público do Trabalho, no Centro da cidade, para cobrar a apuração do crime contra o "Zé Maria do Tomé" e sobre as mortes de Vanderlei e Valderi Rodrigues, ambos cujo drama em vida foi acompanhado pela reportagem. As famílias ainda apelam na Justiça.

A morte de José Maria Filho é investigada pela Delegacia de Homicídios. Somente dois meses atrás foi realizado o exame de balística, comprovando que a arma usada no crime é de uso exclusivo das polícias e da Forças de Segurança Nacional. Zé Maria do Tomé teve 25 perfurações de pistola e fuzil. Ainda hoje movimentos religiosos e sociais lutam para que o caso seja transferido para a Polícia Federal.

Caminhada

Os participantes do "Movimento 21" ainda farão uma caminhada do local do assassinado de José Maria até a praça da comunidade do Tomé, onde ele era líder. Será inaugurado o Memorial Zé Maria, e haverá celebração religiosa. Estudantes das escolas públicas farão apresentações culturais sobre agrotóxicos e o meio ambiente.

O cantor popular Zé Vicente encerrará o ato de um ano da morte do homem que lutava contra o abuso de agrotóxicos na agricultura da região do Baixo Jaguaribe. Nos últimos meses o Ministério Público do Trabalho em Limoeiro tem realizado reuniões com vários órgãos e empresas para discutir a problemática dos agrotóxicos e as questões trabalhistas na região.

Já foram apresentados relatórios da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), sobre contaminação da água com defensivos químicos, da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme), sobre contaminação do lençol freático em Morada Nova, e dados do Núcleo Tramas, da UFC. A próxima reunião acontecerá no dia sete de junho, aberta para quaisquer interessados.

Informações: Diário do Nordeste / Reportagem: Melquíades Júnior

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Empresa é autuada por uso de agrotóxicos irregulares em Limoeiro do Norte

De acordo com os fiscais da Semace, a utilização e armazenamento destes produtos representam risco para a saúde dos trabalhadores e para o meio ambiente.

Uma empresa no município de Limoeiro do Norte foi autuada, na última quarta-feira (14/04), por irregularidades de acordo com decreto federal que estabelece infrações administrativas ambientais. As informações são da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace).

A fiscalização foi realizada por uma equipe da Coordenadoria de Fiscalização (Cofis) da Semace, que constatou o armazenamento de 12 embalagens de um fungicida considerado altamente tóxico, na empresa Del Monte Fresh, com prazo de validade vencido, prontos para o uso.

Os fiscais ambientais estiveram nas fazendas da empresa para fiscalizar o uso do fogo nas culturas desenvolvidas no local, mas não foi constatado o uso do fogo sem autorização.

Dominada por grandes empresas produtoras de frutas, a Chapada do Apodi, em Limoeiro do Norte (CE), sofre com a contaminação das águas e a asfixia dos pequenos produtores. (Foto: José Leomar)

Material apreendido

Os agrotóxicos irregulares foram apreendidos e depositados no local e a empresa autuada em R$ 10.000. De acordo com os fiscais, a utilização e armazenagem destes produtos representam risco para a saúde dos trabalhadores e para o meio ambiente.

No local, também não havia placa de licenciamento, nem a cópia da licença de instalação para a implantação da cultura agrícola da banana. Por isso, a equipe da Cofis notificou a empresa para apresentar as licenças e autorizações ambientais no prazo de sete dias.

“A empresa tem 20 dias a contar da aplicação da penalidade administrativa para apresentar defesa à Semace, quando os processos serão encaminhados para julgamento da penalidade aplicada”, afirmaram os fiscais que estiveram na ação.

Denúncias através do 'Disque Natureza': 0800-275-2233
Informações: OPOVO Online

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